"Conectadas" da Clara Alves foi um livro que me cativou como nenhum outro tinha feito antes. Tudo começa quando a protagonista Raíssa decide começar a jogar jogos pela internet, mas ao criar uma conta feminina, os meninos presentes no ambiente virtual deixavam de acompanhá-la; de acordo com a situação, decide criar um perfil com um nome masculino, então um dia, a garota adiciona uma menina chamada Ayla, que também não estava conseguindo jogar com nenhum menino, e depois de cinco meses conversando, ambas se apaixonam.
1. A brasilidade da coisa.
A autora do livro é brasileira! Sim, um livro nacional! Acho que "Conectadas" foi o primeiro livro brasileiro que li (não me orgulho disso, ok?), e eu amei o fato de ter toda uma brasilidade da coisa.
O livro tem muita diversidade étnica e não é à toa, já que nós brasileiros, não temos uma característica física em comum, sem contar que apresenta personagens que vemos com muita frequência no nosso cotidiano, como o inspetor Sérgio da escola da Raíssa, que conhece todos os alunos mas não sabe o nome de nenhum.
2. Os personagens tem vida própria.
Eu gostei muito do fato de que cada personagem do livro tem suas próprias histórias e personalidades, onde muitas vezes, precisam lidar com problemas pessoais que não estão necessariamente girando em torno da história principal do livro, como o personagem Leo, que aprende a lidar com o bullying na escola.
Uma vez me lembro estar navegando pelo Twitter e de ter lido a seguinte publicação: "Não sei porque vocês ficam bravos comigo e com o rumo que minhas histórias tomam, a partir do momento em que crio um personagem, é ele quem faz seu destino", e para mim, a impressão que eu tive foi que este livro seguiu a mesma linha de raciocínio.
Se passar por outra pessoa na internet é totalmente errado, (não querendo passar pano para a Raíssa, que aliás foi minha personagem preferida, disputando o cargo com o seu Sérgio, apenas) mas ela fez aquilo que julgou ser certo de acordo com seus pensamentos, sua bagagem e toda a pressão externa em sua sexualidade, já que ao admitir para Ayla que ela não era um menino, teria que admitir também para si que é lésbica, e para ela, isso não era algo a se orgulhar.
Outra coisa que me chamou muita atenção foi na semelhança que a Raíssa tem com seus pais. Em um momento do livro, a garota faz um gesto de levantar a sobrancelha, e perto do final do livro, sua mãe faz o mesmo movimento; esse pequeno detalhe fez eu amar muito mais a narrativa! Me identifiquei bastante, pois eu mesma sinto que eu estou virando uma cópia da minha mãe com o passar dos dias.
3. A gente tem que ser a gente.
"Por que você esconderia o que sente, esconderia quem é, só para satisfazer as expectativas dos outros? Expectativas essas, na verdade, que você está supondo que existam."
A sensação que eu tive quando li esse diálogo foi quase como se a personagem estivesse saindo do livro para me dar um tapa na cara. Parei para questionar quantas vezes eu deixei de expressar meus sentimentos simplesmente porque eu tinha medo de perder uma amizade, ou de ser inconveniente. A verdade é que devemos ser puramente quem somos, e naturalmente, as pessoas que se identificarem com a gente, vão chegar e ficar. Seja quem você é. Habite-se.
Quero deixar bem claro aqui que não estou dizendo que eu (ou você, querido leitor), deveria dizer tudo o que pensa, pois acredito que tratar bem as pessoas é mais importante do que estar certa, mas é preciso expressar seus sentimentos quando alguma coisa realmente te incomoda, e saber compreender o próximo.
Bom, espero ter te inspirado a ler esse livro; no geral ele é bem leve e fácil de ler, recomendo muito a todos. Até a próxima, galera.
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