Quando eu era pequena e estava em algum evento ou algo do tipo, minha mãe sempre fazia eu parar o que estava fazendo para que ela pudesse tirar uma foto, e eu simplesmente odiava isso.
Acontece que hoje eu entendo o porquê disso tudo.
As fotos registram o momento presente, e podem ser uma espécie de viagem no tempo assim que vistas em outra época. Hoje porém, os registros momentâneos que irei mostrar contêm longas e inspiradoras histórias.
Da esquerda para a direita: minha prima Aléxia Vitória, dona Bina e eu.
Leobina Conceição Neves, mais conhecida como dona Bina, nasceu em Livramento de Nossa Senhora, na Bahia. Fez alguns colegas, mas tinha irmãos para cuidar e terras para arar acima de qualquer diversão.
Em 1946, a situação ficou apertada para sua família e com apenas 13 anos, se viu obrigada a deixar a Bahia. Mudou-se para a cidade de Garça com os pais, 7 irmãos e seu primo João.
Mesmo sem conhecerem ninguém, plantaram suas sementes nessa terra, que graças a Deus, deram bons frutos.
Com 15 anos começou a namorar João e aos 18 se casou com ele. O casal logo se mudou para um sítio próximo do local onde os pais dela moravam, e depois de um tempo os filhos começaram a chegar: Antônio, Pedro, Eunice, Maria e Célia.
Dona Bina é e foi uma mulher forte que batalhou para ver a felicidade dos outros acima da sua.
Bruno Stocco.
Bruno Stocco; nascido em 30 de novembro de 1934 em Jundiaí. Assim que nasceu, sua casa fora roubada e ele, seus pais e seu irmão Nelson, passaram por um período difícil. Por esse motivo Bruno tivera sua data de nascimento registrada em 23 de janeiro de 1935.
Com seis anos entrou na escola e saiu de lá assim que completou o primário, depois de quatro anos.
Desde cedo ajudava seu pai com as despesas da casa, foi engraxate e depois ajudante de pedreiro aos 14 anos, também teve que assumir os trabalhos da casa quando sua mãe teve apendicite.
Nesse meio-tempo conheceu Dercéa, começaram a se falar e logo o namoro veio; depois de alguns anos, se casaram e os filhos foram chegando com o passar dos anos: Luciano, Marcelo, Adriana, Rosana e Daniela.
Acabou seguindo os passos do pai e se tornara pedreiro. Chegou a construir mais de setenta casas em Jundiaí e levantou cerca de um milhão e setecentos mil tijolos ao longo de sua vida.
Bruno é um homem que preza pelo bom humor e está sempre com um sorriso no rosto, indicando muita felicidade independentemente da situação em que se encontra.
Dona Bina é minha bisavó paterna e seu Bruno é meu avô materno. Descobri que a história deles faz parte da minha história, e entendê-la é muito importante, pois ela é a origem do meu ser e a base da minha formação como humana. Conhecer minhas raízes faz parte de me conhecer também, afinal já parou para pensar quão parecida sua visão de mundo pode ser com a das pessoas que te criaram, com as pessoas que fazem parte da sua história?
Tive que estudar um pouco sobre a vida deles antes de escrever esse post, e assim que comecei a pesquisar sobre, a frase "nossos heróis estão no meio de nós" do Fábio Brazza nunca fez tanto sentido para mim, eles lutaram muito para que nossa família pudesse ter um lar e comida na mesa sempre.
Então, se existem algumas lições que esse pequeno texto pode trazer para meus queridos leitores (oi mãe!), essas lições são:
Tire fotos, conheça a sua própria história e
valorize seus heróis, enquanto eles estão no meio de nós.
Amei o texto e fico feliz que tenha uma ligação forte com a história da sua família. Até chego a invejar brevemente a possibilidade que você teve de explorar sua origem familiar, mas me contentei ao longo do tempo em parar de pensar no sangue que me criou e em construir minhas próprias lembranças para uma ideia de futuro. Gostaria de saber, se não for inconveniente, duas pequenas grandes coisas: qual a primeira lembrança que você consegue alcançar da sua cabeça e qual sua memória favorita de sua própria vida? Nunca pare de escrever, isso é uma ordem.