ISABELLA BARONI

A HISTÓRIA POR TRÁS DO PROJETO

Gustavo conta que em 2011 estava caminhando com seu filho quando se depararam com uma coruja morta na calçada e, perguntando a alguns moradores das proximidades descobriram que a coruja foi morta a pauladas por um rapaz que trabalhava em uma obra na redondeza. O animal pousou em um mourão, não se intimidou com a aproximação e foi morto.

A partir deste episódio Gustavo tomou consciência e começou a dar mais atenção a estas corujas. Foi então que descobriu que estes rapinantes só podiam ser vistos em Americana nos meses entre janeiro e julho, pois utilizam as áreas do município para nidificar, ou seja, fazer ninhos e reproduzir. “Comecei a observar o comportamento destas corujas ano após ano e consegui descobrir três áreas em que elas fazem ninho” citou Gustavo.

Em conversa com a Prefeitura Municipal de Americana Gustavo conseguiu que estas três áreas fossem cedidas ao “Projeto Mocho-dos banhados”. Para arrecadar fundos para o projeto, o guia de observação de aves começou a divulgar o trabalho e atraiu muitos outros observadores e amantes da natureza, que viajam até Americana apenas para fazer seu “lifer”, ou seja, primeiro registro visual ou fotográfico, deste mocho.

Ao longo deste nove anos estes espaços, que são tomados pelo capim conhecido como braquiária, sofreram diversos incêndios, inclusive matando vários filhotes das corujas. A falta de conscientização da população e até mesmo o desconhecimento a respeito de quais impactos ambientais uma atitude desta pode gerar acaba provocando este tipo de reação.

As três áreas destinadas ao projeto encontram-se em uma região de expansão entre os municípios de Americana e Santa Bárbara D’oeste e atualmente o problema de pressão sobre o território do projeto se agravou ainda mais. Com a liberação de construções civis como grandes condomínios de prédios e a especulação imobiliária crescendo, uma das áreas foi altamente afetada, sendo o mato totalmente retirado e construída uma pista de bicicleta. O autor da ação ainda segue desconhecido.

“Este ano o casal de corujas que costuma utilizar essa área para fazer seus ninhos não encontrará o capim braquiária e irá para outro lugar... espero que no próximo ano eles consigam retornar”, explica Gustavo, muito desapontado com o ocorrido.

EDUCAÇÃO AMBIENTAL

Para evitar que o mesmo aconteça nas outras duas áreas, Gustavo e os voluntários do projeto fizeram uma campanha de arrecadação de dinheiro para a confecção de placas que serão instaladas ao redor de todo o perímetro, informando a população da existência e importância dessa coruja para o ecossistema.