Em tempos de distanciamento social e isolamento, diversas pessoas começaram a observar com mais atenção o ambiente que os cerca
A pandemia do novo coronavírus pegou muita gente de surpresa, principalmente com relação à necessidade do isolamento social.
Além das tarefas domésticas rotineiras, todo mundo precisou se adaptar à nova realidade e procurar novos hobbies que pudessem ser feitos sem sair de casa. Alguns começaram a praticar exercícios com auxílio de tutoriais na internet, outros se dedicaram a leitura de livros esquecidos na estante, e outros ainda começaram a perceber o ambiente em que vivem, olhar pela janela, e repararam nos seres vivos que passam despercebidos no dia-a-dia: as aves.
A observação de aves é uma das atividades que mais cresce no Brasil nos últimos anos e, nestes tempos de isolamento, a prática ganhou novos adeptos. As aves estão em todo lugar, seja um ambiente natural ou urbano, sendo possível avistar e fazer registros fotográficos.
Este ano a maior feira de observação de aves da América Latina precisou se adaptar ao formato online. O Avistar Brasil, que ocorre no penúltimo fim de semana de maio, ocorreu remotamente e reuniu milhares de pessoas no “Avistar conecta”. Durante o evento houve a transmissão inédita de localidades em todo o Brasil com instalação de comedouros para aves, que apareciam simultaneamente possibilitando com que os amantes das aves observassem-nas sem sair de casa. Para quem estava sentindo falta da natureza, este foi um momento para matar a saudade dos bichinhos na natureza.
Esta ação teve tanta repercussão que está se repetindo aos finais de semana, recebendo o nome de “Janelives”.
Confira como foi a edição do Avistar conecta no link:
COMO PASSARINHAR?
Aos iniciantes, a observação de aves é muito simples. Pode-se começar no quintal de casa ou na janela do apartamento, olhando atentamente para o ambiente. Se preferir, pode-se utilizar papel e caneta para anotar as principais características da ave observada para facilitar a identificação mais tarde, seja ela por meio de guias de aves ou buscas pela internet. Caso já tenha um certo costume, pode-se utilizar também um binóculo ou câmera fotográfica.
MUDANÇAS LOCAIS
A exibição destes conteúdos inspirou muita gente a querer passarinhar e a construir novos comedouros. Em Jundiaí, interior de São Paulo, Rafaella Baroni construiu seu comedouro com sobras de materiais de construção e o instalou em cima do portão. “Assisti a uma edição do Janelive e fiquei com vontade de ver alguns passarinhos mais próximos. Peguei alguns guias de observação emprestados e agora estou aprendendo a identificar as aves que pousam aqui”, contou.
Sua ação também despertou o desejo de seu tio, Márcio, a fazer um comedouro na chácara em que vive. “Sempre gostei de aves e fico na varanda observando as que passam de manhãzinha. Instalei um comedouro no muro, onde consigo ver melhor”, comentou Márcio, que admira as aves desde criança.
A ideia do comedouro é muito interessante para a época de inverno, em que há menos disponibilidade de alimento para os animais na natureza.
CUIDADOS NA PRÁTICA
Apesar de muito bonitos, os comedouros acaloram uma certa discussão entre especialistas da área da ornitologia, que estudam as aves. Recomenda-se que os comedouros sejam construídos em área aberta, de preferência longe de vidraças e superfícies que possam levar o animal à colisão, além do cuidado com as frutas a serem colocadas. É importante que se retire as sementes, para que as aves não as comam e dispersem, por serem frutas exóticas, ou seja, não nativas da flora brasileira, tais como banana, maçã, laranja.
Aproveite também sua quarentena e momento de isolamento para observar a vida silvestre presente ao redor de sua casa. Além de muito divertido, a observação de aves é uma prática relaxante e que requer atenção, fazendo com que vocês esqueça de seus problemas por alguns instantes.